O Governo Federal anunciou, hoje (9/12), um conjunto de medidas que tem como objetivo modernizar e ampliar a eficiência das empresas estatais federais, preservando sua autonomia e alinhando-as às melhores práticas de governança corporativa. As estatais têm um papel fundamental no desenvolvimento inclusivo e sustentável do Brasil, com desdobramentos na transição ecológica, na reindustrialização, na modernização da infraestrutura e na redução das desigualdades. 

As medidas foram apresentadas e debatidas pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, em duas reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministras e ministros supervisores de estatais, no Palácio do Planalto (a primeira foi no dia 25/11 e a segunda hoje, dia 9/12). As ações estão em linha com os princípios estabelecidos na Lei das Estatais (Lei 13.303, de 2016) e com os debates internacionais sobre a atuação do Estado como acionista de empresas, como os que ocorrem no âmbito da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE 

“A lógica aqui é justamente melhorar a capacidade do governo de discutir as suas empresas estatais e melhorar a capacidade de governança e de geração de resultado para a sociedade brasileira. Essas empresas, hoje já têm uma contribuição muito importante, pois representam, na sua totalidade, 6% do PIB brasileiro e geram mais de 400 mil empregos diretos, fora os indiretos, e atuam em vários setores”, defendeu a ministra Esther Dweck.
A ministra também ressaltou o papel estratégico em diferentes setores, como petróleo, energia, na área digital e no programa de reindustrialização do país. “Mas queremos que elas tenham capacidade de gerar mais receita e melhorar sua sustentabilidade financeira”, ressaltou.

As medidas apresentadas pelo Governo Federal estão sendo formalizadas em três novos decretos:  o primeiro propõe o Programa de Governança e Modernização das Empresas Estatais, e os outros dois reorganizam o arranjo institucional responsável pela formulação e coordenação da atuação das empresas públicas.Juntas, as medidas buscam aumentar o retorno das estatais para a sociedade, alinhar sua atuação às políticas públicas desenhadas pelo governo e, no caso específico daquelas que ainda dependem de recursos do Tesouro, reduzir sua dependência. 

O decreto que trata do Programa de Governança une esforços de várias instituições do Governo Federal para que as empresas controladas pela União se tornem cada vez mais eficientes e inovadoras. Suas ações incluem: remodelagens de negócios para abertura de novos horizontes de atuação e aproveitamento de sinergias; formação de administradores de empresas estatais; fomento à pesquisa e contínuo compartilhamento de boas práticas de gestão e de governança, entre outros. O grande foco das medidas é nas empresas que ainda enfrentam maiores desafios de sustentabilidade. 

Entre os decretos que reformulam o arranjo institucional de coordenação das estatais, destaca-se o fortalecimento do papel dos ministérios supervisores das empresas estatais e a coordenação interministerial dessa atuação. Todos os ministérios supervisores e as empresas estatais passarão a fazer parte do Sistema de Coordenação da Governança e da Sistema de Coordenação da Governança (Sisest) e da Supervisão Ministerial das Empresas Estatais Federais. Um segundo decreto reformula e adequa a atuação da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR) à Lei das Estatais. As medidas não incluem nenhuma alteração da Lei das Estatais ou de sua regulamentação.  

A ministra e a secretária de Coordenação e Governança das Estatais, Elisa Leonel, explicaram que nem todas as estatais vão gerar lucro, pois algumas, como a Ebserh, que administra hospitais, tem outra função. Mas todas podem melhorar sua eficiência e estabelecer parcerias estratégicas. Outras empresas, como a Imbel, empresa de munições, tem possibilidade de gerar receita e sair da situação de dependência, porque atuam no mercado.

Elisa Leonel acrescentou que uma das frentes do decreto é a remodelagem de negócios. “Vamos olhar para as empresas e pensar no negócio, no mercado em que ela se insere, nas parcerias que pode ter, nos serviços novos que pode prestar”, explicou. Uma outra questão importante do decreto, ponderou a secretária, é o compartilhamento de boas práticas, com a criação de fóruns de compartilhamento de experiências, de modo que uma contribua para o fortalecimento da gestão das outras.

Em 2023, as 44 estatais com controle da União, geraram 5,75% do Produto Interno Bruto (PIB), geraram lucro de R$ 197,8 bilhões e distribuíram R$ 128,1 bilhões aos acionistas, na forma de dividendos e juros sobre o capital próprio. Ao adotar esse conjunto de medidas, o governo busca fortalecer as estatais como agentes de um desenvolvimento estratégico e sustentável. 

1. Programa de Governança e Modernização das Empresas Estatais Federais 

O programa busca apoiar as próprias empresas a melhorarem sua gestão e ampliarem sua sustentabilidade. Ele é ancorado em remodelagens de negócios, formação continuada de conselheiros e dirigentes, fórum para compartilhamento de boas práticas e fomento a pesquisas acadêmicas sobre as estatais. 

2. Sistema de Coordenação da Governança e da Supervisão Ministerial das Empresas Estatais Federais (SISEST) 

Trata-se de uma rede estruturada que reúne todos os 16 ministérios supervisores e todas as estatais, promovendo uma ação coordenada e transversal. O sistemaserá coordenado pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST).  Com o SISEST, o governo terá uma visão integrada das operações das estatais, que permitirá identificar rapidamente oportunidades de melhoria.  

3. Decreto de Revisão da CGPAR 

A Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR), composta por Casa Civil, Fazenda e Gestão, fixa diretrizes para a atuação das estatais federais. A Lei das Estatais de 2016 tornou obsoletas algumas disposições do decreto que criou a CGPAR em 2007, incluindo a composição da comissão, que não mais se alinha à atual estrutura ministerial.  A revisão propõe um enfoque estratégico para a atuação da CGPAR, enquanto as funções de organização serão centralizadas no Sistema de Coordenação das Estatais (Sisest), que também está sendo instituído por Decreto. 

Disponível originalmente no GOV.br. Publicado na CompliancePME em 8 de janeiro de 2025